Permafrost



  Aprender é mais do que apenas assimilar fatos ou poder lembrar-se de informações. Pessoas religiosas nos dias de Jesus faziam isso com suas orações repetitivas. (Mateus 6:5-7) Mas como as afetavam as informações? Produziam frutos justos? Não. (Mateus 7:15-17; Lucas 3:7, 8) Parte do problema era que o conhecimento não penetrava no seu coração nem as afetava para o bem.

  De acordo com Pedro, com os cristãos deve ser diferente, tanto naquele tempo como agora. Ele nos exorta a suprir à nossa fé o conhecimento que nos ajudará a evitar sermos inativos ou infrutíferos. (2 Pedro 1:5, 8) Para isso ser assim no nosso caso, temos de querer crescer neste conhecimento e desejar que nos afete bem fundo, que penetre no nosso íntimo. Isto talvez nem sempre aconteça.

  Nos dias de Paulo, os cristãos hebreus tinham um problema neste respeito. Por serem judeus, tinham algum conhecimento das Escrituras. Sabiam de Jeová e de alguns dos seus requisitos. Mais tarde, acrescentaram conhecimento sobre o Messias, exerceram fé e foram batizados como cristãos. (Atos 2:22, 37-41; 8:26-36) No decorrer de meses e anos, eles devem ter assistido a reuniões cristãs, nas quais podiam participar em ler textos e em comentar. Ainda assim, alguns não cresceram em conhecimento. Paulo escreveu: “Embora devêsseis ser instrutores, em vista do tempo, precisais novamente que alguém vos ensine desde o princípio as coisas elementares das proclamações sagradas de Deus e vos tornastes tais que precisais de leite, não de alimento sólido.” (Hebreus 5:12) Como aconteceu isso? Poderia acontecer também conosco?

  Como ilustração, considere o permafrost, o solo permanentemente congelado no Ártico e em outras regiões onde a temperatura média é abaixo de zero. O solo, as rochas e as águas freáticas ficam solidamente congelados, às vezes até a profundeza de 900 metros. No verão pode ocorrer um degelo do solo da superfície (chamado de camada ativa). No entanto, esta camada fina de solo degelado usualmente é lamacenta, porque a umidade não consegue penetrar no permafrost mais abaixo. As plantas que crescem naquela camada fina de cima são freqüentemente miúdas ou atrofiadas; suas raízes não conseguem penetrar no permafrost. Talvez pergunte: ‘O que tem que ver o permafrost com eu crescer no conhecimento da verdade bíblica?’

  O permafrost ilustra bem a situação de alguém cujas faculdades mentais não se envolvem ativamente na assimilação, na recordação e no uso do conhecimento exato. (Veja Mateus 13:5, 20, 21.) É provável que a pessoa tenha a capacidade mental de aprender diversos assuntos, inclusive a verdade bíblica. Estudou as “coisas elementares das proclamações sagradas de Deus” e talvez se tenha habilitado para ser batizada, assim como aqueles cristãos hebreus. No entanto, talvez não ‘avance à madureza’, às coisas além da “doutrina primária a respeito do Cristo”. — Hebreus 5:12; 6:1.

  Visualize alguns desses cristãos em reuniões lá naquele tempo. Estavam presentes e despertos, mas envolvia-se sua mente em aprender? Estavam ativa e seriamente crescendo em conhecimento? Talvez não. No caso dos imaturos, qualquer envolvimento nas reuniões como que ocorria apenas numa camada fina, ao passo que por baixo havia uma profundeza de gelo. As raízes das verdades mais sólidas ou complicadas não podiam penetrar nesta região de permafrost mental. — Veja Isaías 40:24.

  Algo similar poderia acontecer com um cristão hoje em dia. Embora presente às reuniões, talvez não aproveite essas ocasiões para crescer em conhecimento. Que dizer da participação ativa nelas? No caso de novos ou de jovens, oferecerem-se para ler um texto bíblico ou darem um comentário nas palavras do parágrafo talvez exija muito esforço, refletindo um exercício excelente e elogiável da sua capacidade. Mas Paulo mostrou que, no caso de outros, em vista do tempo que já são cristãos, eles devem avançar além desse estágio inicial da participação, se quiserem continuar a crescer em conhecimento. — Hebreus 5:14. 

   Caso um cristão experiente nunca progrida além de simplesmente ler um versículo da Bíblia ou de fazer um comentário básico diretamente do parágrafo, é provável que sua participação proceda apenas da “camada ativa” de cima na sua mente. Poderiam passar uma reunião após outra enquanto as profundezas do seu potencial mental continuam congeladas, para continuar com nossa ilustração do permafrost. Deveríamos perguntar-nos: ‘É assim comigo? Permiti o surgimento duma espécie de permafrost mental? Quão mentalmente alerta e interessado estou em aprender?’ Mesmo que não nos sintamos à vontade com as nossas respostas honestas, podemos começar desde já a dar os passos necessários para crescer em conhecimento.

   Não importa quanto tempo já nos associemos com a congregação, podemos tomar a resolução de avançar à madureza e a maior conhecimento. No caso de alguns, isto significará preparar-se com mais diligência para as reuniões, talvez renovando os hábitos seguidos anos atrás, mas que aos poucos foram abandonados. Quando se prepara, procure determinar quais são os pontos principais e entender textos bíblicos não conhecidos, usados para desenvolver argumentos. Procure novos ângulos ou aspectos na matéria de estudo.  Esforce-se a estar mentalmente alerta, como que mantendo sua mente bem aquecida. Isto contrabalançará qualquer tendência de se formar um “permafrost”; esforço consciente derreterá também qualquer condição “congelada” que talvez se tenha desenvolvido anteriormente. — Provérbios 8:12, 32-34.






W 93 15/08

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